quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O estresse e a sua respiração

Se observarmos alguém com dor no pescoço ou nos ombros, sem nenhum histórico de acidente, essa pessoa tenderá a apresentar características posturais tais como : cabeça anteriorizada, ombros desalinhados ou enrolados, peito encurvado com o tórax comprimido e ou costas arredondadas.

Essa pessoa, provavelmente devido ao desconforto, apresentará uma forma irregular de respiração, mais curta, rápida e tensa. Isso acarretará em alteração na taxa de oxigênio e gás carbônico no sangue. "Os resultados dessa alteração poderiam incluir aumento de sensação de dor, ansiedade, utilização exagerada dos músculos que auxiliam a respiração - entre eles o escaleno, o ECOM e o peitoral menor - o que ocasionaria fadiga muscular e cerebral." Timmors B- Behavioral and Psycological aproaches to breathing disorders" New York : Plenum Press; 1994.

Estes eventos constituem um ciclo auto-perpetuante de dor e desconforto.  Daí que os tratamentos fisioterápicos deveriam começar pela normalização da respiração, através de terapia manual - técnicas de liberação do diafragma -  e exercícios dirigidos a ele.


Uma de minhas primeiras postagens foi sobre o Diafragma, o principal músculo da respiração, intitulada "O Diafragma e o Salgueiro". Vale a pena uma lida.

Quando os movimentos do diafragma se limitam, como na presença de dor, o ar fica "aprisionado" nos pulmões, o diafragma se dirige para baixo e os músculos do pescoço e tórax (peito) têm que trabalhar mais para auxiliar a respiração, tornando-se cronicamente tensos e doloridos.
Uma respiração deficiente debilita o diafragma, o que produz tensão no tórax, pescoço e coluna vertebral. Diminui grande parte da capacidade pulmonar, o que restringe o fluxo de energia vital e altera significativamente a sua postura.

Recuperar a fluidez na respiração reduz notavelmente os níveis de estresse mental e emocional e contribui para manter o ritmo natural do movimento da energia vital, o qual favorece diretamente o bom funcionamento do corpo, tanto a nível estrutural como orgânico.
Isto se evidencia com o alívio palpável das tensões do pescoço, ombros e áreas próximas a coluna vertebral.

Já comprovei isto inúmeras vezes nos meus atendimentos.
Posso assegurar-lhes que é extremamente benéfico começar as sessões fisioterápicas com esse procedimento, já que prepara o corpo, deixando-o mais receptivo ao tratamento que virá.

Fora isso você pode treinar sua respiração todos os dias, associando-a a exercícios de relaxamento, seguindo as instruções contidas no post Dor no Computador, e também conhecendo e treinando a respiração diafragmática,  pois como sabemos, estamos diante de várias situações estressantes no nosso dia-a-dia, além das dores que nos acometem.

  • Para se começar a praticar a respiração diafragmática é melhor que se deite de barriga para cima sobre a cama ou sobre superfície plana confortável. Pode se colocar uma almofada abaixo da cabeça, mantenha os joelhos flexionados, preferencialmente apoiados sobre alomofadas para descansar e relaxar as pernas.
Para se ter maior consciência do movimento do diafragma, ao inalar (inspirar) e exalar (expirar) você coloca uma das mãos na parte superior do peito (tórax) e a outra um pouco abaixo do esterno (osso vertical localizado na frente do tórax), sobre o abdomen, sem fazer nenhuma pressão.

Quando você inspirar lentamente pelo nariz, vai notar um movimento para fora na mão que se encontra sobre o abdomen, e,  ao exalar você sentirá a musculatura na altura do estômago se mover para dentro, sem tensão. Durante toda a respiração, a mão que temos sobre o peito deve permanecer o mais imóvel possível, não se deve observar nenhum movimento ou esforço nos ombros, pescoço, coluna vertebral, nem na parte superior do tórax.

A amplitude da respiração diafragmática pode ser limitada pela tensão dos músculos abdominais. Para favorecer e ampliar a mobilidade do diafragma é necessário manter a musculatura relaxada e flexível. Durante a inspiração temos que "deixar" que o ar entre sem esforço. A contração do diafragma tem que ser natural, permitindo que o abdomen se eleve tem tensão. Ao expirar deve-se evitar utilizar os músculos abdominais. Soltar o ar em forma de grandes suspiros possibilita a diminuição da tensão do diafragma.

Uma vez que se adquire prática e se reconhecem as sensações corporais a respiração diafragmática pode ser realizada comodamente em posição sentada. É provável que  no princípio se perceba uma leve fadiga, mas sem dúvida, com a prática contínua e progressiva - de 5 a 10 minutos, umas 3 a 4 vezes ao dia - o corpo reconhecerá a respiração diafragmática como a forma natural de respirar.

Experimente os benefícios de uma respiração livre e plena, e depois me conte seus resultados.   



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