sábado, 11 de junho de 2011

Escoliose e a tridimensionalidade

Tridimensionalidade?
Sim!
Dimensão , em matemática, tem a ver com a noção de grau de liberdade. Transportá-la para o ser humano, nos leva ao movimento, que, para nós fisioterapeutas, é sinônimo de função, do nosso principal objetivo, restabelecer total ou parcialmente a função perdida.
Você se lembra das dimensões? Largura, altura e profundidade?
No ser humano as dimensões se relacionam com os tres planos de movimento, e cada um deles orienta movimentos específicos no espaço. ( vide figura ao lado)

O maior problema para a percepção da complexidade que cerca a escoliose é sua imagem na radiografia. Podemos ser enganados devido as duas dimensões (altura e largura no RX); vemos um grande C ou um S, o que nos leva a imaginar que a coluna se deslocou apenas lateralmente.
Esse é um grande engano...                                                                                                                        
e pior, um engano comum, pois na biomecânica da coluna vertebral quando há um deslocamento lateral é porque ela já rodou. Para uma vértebra se deslocar lateralmente ela precisa girar.
A rotação vertebral tem relação com o terceiro plano, o horizontal ou a 3ª dimensão que infelizmente é muitas vezes ignorada.
Essa ideia errônea e limitada levou a anos de abordagens inadequadas, e por conseguinte ao descrédito dos médicos  a respeito da contribuição do tratamento fisioterápico na escoliose.  

Voltemos então aos planos:
ao olharmos uma pessoa de lado - plano sagital - podemos perceber se há curvas em excesso (hiper-cifose, hiper-lordose), ou ainda a falta delas (costas planas); de frente ou de costas - plano frontal ou coronal - podemos perceber se há deslocamentos laterais (escoliose); mas uma outra visão que seria de cima para baixo - plano transversal - nos permitiria observar a presença de rotação - ombro ou  quadril mais anterior que o outro e da coluna vertebral  que é a escoliose.

Hoje há um exame denominado ressonância nuclear magnética em 3D, ou seja, em 3 dimensões que nos dá uma ideia clara sobre o que vemos. Porém esse exame não está a disposição de todos devido a seu alto custo.

No tratamento fisioterápico da escoliose, com a utilização ou não de colete ortopédico, é indispensável a noção de tridimensionalidade.
O fisioterapeuta deve montar seu plano de tratamento com exercícios baseados na tridimensionalidade e o paciente tem que ter a consciência de que sua alteração postural ocorre nos três planos do espaço. 

Resumindo: a tridimensionalidade não é assunto recente mas, por vários motivos, ainda é ignorada por muitos.
Vamos então na direção de sua compreensão e  utilização, o que nos permitirá alcançar os resultados que almejamos.





2 comentários:

denise disse...

Sabe o que esse texto me fez pensar ???? na importancia da avaliação, da anamnese.... Como nós estamos sucetíveis a erros não é ? Como tem profissional por aí que se basta, e aí desenvolve um trabalho limitante...

Patricia Italo Mentges Instituto de Escoliose disse...

Sim Denise, a avaliação, a anmnese, o tratamento e por conseguinte o resultado.
Principalmente diante da escoliose a palavra de ordem é humildade.
Temos que abertos, por mais tempo que tenhamos de prática e/ou pesquisa para alterações e adaptações originadas de novas descobertas.
devemos então andar de mãos dadas, nos ajudando, trocando informações para melhor atender aos que nos procuram.
beijos e tudo de bom!