
"O escritor morreu estando acompanhado pela sua família, despedindo-se de uma forma serena e tranquila" disse o comunicado da fundação que leva seu nome.
O que falar de Saramago? Prêmio Nobel de literatura, autor de "Ensaio sobre a cegueira", "O evangelho segundo Jesus Cristo", "Levantado do chão", " As intermitências da morte", entre outros, nos deixou um legado de pensamento crítico, lúcido e original.
Teve, como poucos a maestria de, através da arte, analisar o homem e criticar a sociedade.
Publicou Terra do Pecado [1947], Manual de Pintura e Caligrafia [1977], Levantado do Chão [1980], Memorial do Convento [1982], O Ano da Morte de Ricardo Reis [1984], A Jangada de Pedra [1986], História do Cerco de Lisboa [1989], O Evangelho Segundo Jesus Cristo [1991], Ensaio Sobre a Cegueira [1995], Todos os Nomes [1997], A Caverna [2000], O Homem Duplicado [2002], Ensaio Sobre a Lucidez [2004], As Intermitências da Morte [2005], A Viagem do Elefante [2008] e Caim [2009].
Em 2008 fez seu blog denominado Caderno de Saramago, onde passou a dividir conosco as suas impressões sobre o comportamento humano.
Sou fã incondicional do escritor e homem.
O artista nos toca profundamente, nos impacta e nos surpreende. O homem nos faz mais do que refletir, nos compele a agir por uma sociedade mais justa, mais reflexiva, que acima de tudo retome o gosto pelo pensar.
No seu eu último post: Pensar, pensar.
"Acho que na sociedade actual nos falta filosofia. Filosofia como espaço, lugar, método de reflexão, que pode não ter um objectivo determinado, como a ciência, que avança para satisfazer objectivos. Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do trabalho de pensar, e parece-me que, sem ideias, não vamos a parte nenhuma."
Sendo assim, ele também escreveu para crianças - A Maior Flor do Mundo - editado pela Caminho.
E questionou : “E se as histórias para crianças passassem a ser de leitura obrigatória para os adultos? Seriam eles capazes de aprender realmente o que há tanto tempo têm andado a ensinar?”
Só nos resta constatar o quão somos afortunados por termos tido a oportunidade de compartilhar esse mundo que nos foi tão generosamente apresentado por ele.
Como disse o poeta Nuno Júdice : "Quando um escritor morre, é um mundo que desaparece".
Saramago se despediu com a serenidade madura dos que compreenderam a complexidade do viver, deixando-nos uma doce saudade...
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