Da avaliação fisioterapêutica surge o diagnóstico cinesiológico-funcional.
Para quem não sabe, cinesiológico significa estudo do movimento. Cine = movimento e logo = estudo.
Aproveito a oportunidade para mais uma vez esclarecer que há diferença entre diagnóstico realizado pelo médico e o diagnóstico realizado pelo fisioterapeuta.
"Existe uma diferença entre o diagnóstico médico e o diagnóstico fisioterapêutico. Não no processo em si – é o mesmo em ambos os casos – mas nos fenômenos que estão sendo observados e classificados. O fisioterapeuta não identifica a doença no sentido da patologia básica, mas grupos de sinais e sintomas relacionados a comportamentos motores e limitações funcionais físicas do paciente. Desta forma, o diagnóstico médico encaminhado ao fisioterapeuta não fornece esclarecimentos suficientes para fundamentar o processo de tratamento.
A essência da fisioterapia é a restauração da função do movimento e da postura e a natureza dos fenômenos envolvidos na disfunção do movimento e da postura é que constitui o foco da intervenção do fisioterapeuta e o esquema de classificação diagnóstica. Enquanto o médico trata de uma questão patológica básica fundamental e primária, o diagnóstico do fisioterapeuta está ligado a função."
Nós fisioterapeutas então vamos verificar o grau de comprometimento que a lesão imprime ao movimento.
Para facilitar essa compreensão, vamos a um exemplo:
Um paciente chega com queixa de dor no joelho e diagnóstico de tendinite.
Esse diagnóstico é feito pelo médico que o encaminha para a fisioterapia. Pois bem, nós fisioterapeutas iremos avaliar o quanto essa tendinite está afetando a capacidade de movimento - a função - desse paciente. Isso sem falar que antes devemos nos certificar se estamos diante de uma
tendinite ou de uma tendinose.
O ideal é que a a nossa avaliação compreenda a estrutura em si, no caso o tendão, a estrutura do joelho, pelo menos as duas articulações adjacentes, ou seja, quadril e tornozelo, a postura do joelho, a postura corporal na estática e na dinâmica.
Temos que ter em mente que uma dor faz com que o corpo se adapte para continuar em movimento e assuma uma postura diferente que é
denominada antálgica.
Quanto mais tempo a pessoa ficar com a dor, maior será o número de estruturas comprometidas.
No meu
curso falo muito sobre isso.
Meus anos de prática clínica demonstraram que temos que ir atrás de pistas que nos levem a desvendar o mistério do efeito em cascata que ocorre após uma lesão.
Muitas vezes temos que atuar em áreas distantes da região afetada para alcançarmos sucesso no tratamento.
Lembro mais uma vez que dificilmente o problema se atem a afetar apenas uma área do corpo. No exemplo dado, a lesão do joelho pode afetar outras estruturas ou mesmo pode ter ocorrido por um desarranjo postural. (Principalmente se a tendinite/tendinose não resultou de trauma direto, mas por microtraumas de repetição.) No corpo humano todas as estruturas são interconectadas e interdependentes.
Nas figuras podemos fazer um paralelo:
Se uma postura estática (acima) nos revela uma alteração da posição normal dos joelhos, devemos verificar se o mesmo ocorre em movimento. No exemplo ao lado temos o agachamento que é um movimento que repetimos várias vezes ao longo das nossas vidas, como por exemplo, quando sentamos e levantamos de uma cadeira.
Esse padrão incorreto pode, ao longo do tempo, desgastar as articulações devido ao desequilíbrio de tensões que agem sobre elas. E sabemos que não se limita aos joelhos mas influencia todo o corpo.
Espero ter contribuído para esclarecer a diferença entre o diagnóstico clínico e o diagnóstico cinesiológico-funcional.
A avaliação fisioterapêutica é fundamental e indispensável no processo de recuperação de uma lesão musculo-esquelética!